domingo, 4 de setembro de 2011

POVO PAITER: UMA EXPERIÊNCIA ÚNICA!


Aqui estou novamente. Agosto foi um mês bem intenso!! Um dos mais intensos até então. Afinal em apenas um mês posso dizer que em quase todos os fins de semana estive realizando trabalho de campo. E todos em lugares diferentes. Assentamento, comunidade ribeirinha e aldeia indígena. De todos o que mais me impressionou foi a ida a aldeia. Talvez pelo fato de nunca ter ido a uma, talvez por conta da cultura diferente ou talvez a soma de todos acrescentados de magia e sensações únicas.
Como sempre costumo relatar em meus post`s quando falo de trabalho de campo, que nunca volto igual quando viajo para os lugares onde realizo pesquisas, e a ida para a aldeia não foi diferente. Ou melhor, foi, pois ela me proporcionou sensações que meu espírito estava precisando. Eu sinto que jamais conseguiria descrever a experiência que tive durante os dias que estive na aldeia Apoena Meireles dos índios Suruí. Mas como havia prometido no post anterior que estaria relatando, então aqui estou para fazê-lo. Falar dos dias que participei da festa MAPÍMAÍ.
Eu poderia descrever dia por dia, pois as lembranças ainda estão bem recentes em minha mente, mas acho que o melhor é falar do que senti e do que meus olhos puderam perceber.
O povo suruí é um povo alegre. Vi alegria. A todo o momento eles riam. Nós também rimos muito. A alegria estava no ar. Vi coisas que não tenho visto nas grandes cidades, tais como compartilhamento, união, respeito pelo próximo, valorização dos mais velhos, dentre outras observações. Vi também muito afeto entre eles.  
Fomos muito bem recebidos. Lá não tínhamos a sofisticação que temos na cidade, mas nos sentimos em casa. O tempo era algo que não tinha tanta importância.  Nada de relógio, celular, internet, nada da correria, horários para isso, ou para aquilo. Lá compreendi a frase: “o tempo não existe.” Isso é fato! Tanto que no terceiro dia em um determinando momento eu tive que perguntar que dia era da semana. É uma coisa de louco, mas é engraçado como somos regidos a horários. Temos hora pra tudo!
Por se tratar de uma festa, houve vários momentos tradicionais que diziam respeito ao andamento da festa. Participei de praticamente todos. Apenas não participei dos rituais ocorridos nas madrugadas. Todos os participantes sendo índio ou branco foram pintados. A tinta deles é feita de jenipapo, e após a secagem ela demora de 10 a 20 dias para sair da pele. Segundo eles, se a pessoa for ciumenta demora mais a sair. Por conta da pintura, fui parada algumas vezes aqui na cidade para responder se ela era uma tatuagem fixa. As pessoas se impressionavam com a pintura. Além da pintura, participamos também da dança e bebemos a bebida deles. Confesso que esta parte foi a mais difícil para mim, pois a bebida que eles chamam de "chicha" tem um cheiro e um gosto muito forte. Apenas experimentei, já que estava lá, não podia fazer desfeita.
Eu só tenho a agradecer ao povo suruí , em especial a Almir Suruí por nos permitir ter vivenciado os dias que estivemos lá e pela experiência de vida. Esta com certeza contarei a todos que desejarem saber como é estar em uma aldeia. Voltei com energias revigoradas. Carregada de emoções e com a certeza que há pessoas boas no mundo.
Como disse anteriormente, não sou capaz de descrever em palavras o que vivenciei, mas me sinto inebriada de alegria em ter visto que uma etnia luta por sua sobrevivência e por continuar sua cultura.
Conversei com alguns jovens, e o que vi foi o orgulho em ser índio. Orgulho de ser quem é.
As experiências e relatos durante os dias na aldeia serão transformados em trabalhos e se tudo de certo, em um livro.
Para finalizar, perguntei a um índio como se escrevia na língua deles a frase: “Eu estou feliz com a experiência que tive!” E ele me respondeu: “Oêh adé kuya inter e peitxá la de ka oeithá ka é”.

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