A pesquisa tem me proporcionado vivenciar um mundo novo. Mundo até então desconhecido por mim. Novo no sentindo de que agora não vejo mais os lugares e as imagens como simples paisagens. Vejo com olhos que antes não me pertenciam. É como se somente agora eu conseguisse enxergar. Enxergar detalhes que antes eram despercebidos.
Pesquisar não somente tem me proporcionado conhecimento científico. Pesquisar vai além, pois tem me proporcionado conhecimento pessoal. E vejo isso como o principal norteador. É ir além do que está obvio, é saber trilhar os caminhos que são indicados de uma forma que se eu fechar os olhos saberei exatamente quem sou e onde estou.
Pesquisar tem me feito ter vontades que antes não se faziam presentes em minha vida. Até podiam fazer, mas eram tão vagas, tão distantes que é como se de fato não existissem.
Se desprender do que nos é comum, e nos aventurar no desconhecido é um exercício de aprendizagem. As viagens que tenho feito ao longo deste ano aos assentamentos, estão me enriquecendo de conhecimento e experiências.
Sempre retorno com indagações e questionamentos. Muito mais questionamentos internos. Questionamentos da minha vida. E uma pergunta que sempre me faço é: como podemos reclamar tanto? Sempre acho que os meus problemas por mais que sejam considerados algumas vezes sérios e que me tiram o sono e me atormentam, são pequenos perto da dimensão de necessidades daquelas famílias. São famílias que há anos lutam por direitos, lutam por melhorias, por reconhecimento. Pessoas que se sentem largadas e esquecidas pelo governo. Do que adianta ganharem um pedaço de terra, se não terão condições de plantio, moradia, educação e saúde. Condições tão mínimas, que para nós é quase impossível nos imaginar morando em um lugar sem elas. Mas existem sim pessoas que sobrevivem em lugares assim. E ai me vem uma frase já velha, mas sempre muito atual: “poucos com muito e muitos com tão pouco.”
Sei que as minhas observações ainda são primárias, muito ainda tenho que observar. Há a idéia de ir a campo e passar mais dias, no intuito de vivenciar um pouco mais que seja o dia a dia dessas famílias.
Estou em processo de finalização de semestre. E sinto-me extremamente agraciada e gratificada com tudo que li, ouvi e vivenciei. Sei que o caminho ainda é longo, mas o importante é que estou tentando caminhar observando tudo e todos e desejando chegar ao final do caminho com uma bagagem que com certeza me fará sentir orgulho de ser uma pesquisadora.
obs: a foto foi tirada por mim em viagem a campo no Assentamento rural Joana D'arc III. É um pé de açaí.
Frase: "Pesquisar é ver o que os outros viram, e pensar o que nenhum outro pensou." (Albert Szent Gyorgyi)