domingo, 6 de fevereiro de 2011

10 MULHERES E UMA PESQUISA

Confesso que não poderia está aqui escrevendo este post. Não porque não quisesse, mas por pura falta de tempo...O tempo tem sido algo precioso em minha vida, por conta de está tentando cumprir as metas que me determinei para 2011. Mas mesmo assim decidi escrever para compartilhar uma experiência deste fim de semana.
Pois bem, este fim de semana estive em trabalho de campo juntamente com o grupo de pesquisa que faço parte. Nosso grupo de pesquisa trabalha com as relações de gênero e nosso objeto de pesquisa atualmente são famílias assentadas em duas comunidades no Estado de Rondônia. Bem, em um segundo momento, falarei mais sobre este grupo de pesquisa, pois o intuito de hoje é relatar as experiências que pude adquirir em uma visita a uma dessas comunidades.
A experiência já inicia com a forma de transporte para chegar até a comunidade. Só se chega de barco. Depois de 6 horas descendo o nosso Rio Madeira as 10 mulheres a qual me refiro no titulo deste post chegam a Comunidade ribeirinha cujo nome é Nazaré.  Cidade sem carros, motos, sem acesso a celular ou internet. Casas simples, mas muito arrumadinhas. Não há ruas, apenas uma passarela por onde os moradores trafegam, e quando a passarela acaba inicia-se uma ponte que liga uma parte da comunidade a outra parte. Nada de congestionamento, apenas o cantar dos sapos. A quem possa de repente imaginar que essa comunidade vive isolada, engana-se. Há energia elétrica e 02 orelhões para a comunicação, e há antena parabólica em praticamente todas as casas.
A experiência que quero compartilhar é como essas famílias que para muitos a vida pode parecer algo bem distante, são felizes com o pouco que se tem.  Não houve uma pessoa para quem eu perguntasse se gostava de morar lá, se era feliz e responde-se com uma resposta negativa. Pessoas que não nos conheciam, mas que nos receberam com uma atenção que nos faziam sentir como se fossemos da família. E isso me fez refletir o quanto nós que somos urbanos estamos ligados a tecnologia, a padrões que a sociedade julga como certo. A quanto estamos ligados a celulares. Se tiverem mais chip`s melhor. A internet então nem se fala. Somos tão ligados a este mundo virtual que às vezes passamos muito mais tempo conversando com as mãos do que com a boca.  
Neste fim de semana me vi desligada de tudo. Acho até que me desliguei um pouco de mim também.  O telefone não tocou. O computador não foi ligado. Eu o levei no intuito de dar continuidade em algumas coisas que precisam ser trabalhadas. Pensei até em iniciar a escrecer esta experiência.  Mas meu notebook não me viu. Ele ficou no canto. Virou apenas um peso. Este fim de semana comecei a ler um livro, terminei-o e inicie a leitura de outro.
Voltando a falar da comunidade, obtive experiências de vida. Vivencie uma realidade que não é a minha. Mas que com certeza servem para a minha realidade conturbada. Vi e conversei com pessoas simples. Pessoas que se sentem felizes com o pouco que tem. Pessoas que não precisam ter o carro do ano; não precisam ter a roupa da moda; não precisam ter o sapato da vitrine; mulheres que não estão todo fim de semana em salões, preocupadas com cabelo, unha, celulite, balança.  
Conheci uma menina. A pequena Sheila de 11 anos. Me encantei com suas estórias e com a sua própria história. Como ela pequena, frágil era capaz de nos levar pela mata fechada a lugares que precisamos chegar, mas que sem ela não seriamos capaz. Ri e me encantei com suas estórias de botos encantados, jacarés, e o curupira que aparece ao meio dia e leva as pessoas para o mundo dele. Detalhe: Estamos justamente andando pela mata ao meio dia do sábado.  O que para nós são apenas lendas, para ela são verdades as quais não me  cabia descordar.
Poderia falar de cada pessoa com quem conversei e ouvi, mas isso, deixarei para o meu relatório de campo.
Este fim de semana apesar das formigas de fogo, do mato que me deixou com os braços coçando, das picadas de mosquito, da mata fechada que tive que entrar, das mudanças de clima, ora chuva, ora sol, das longas horas dentro do barco tanto para ir como para voltar, tudo valeu à pena. Foi um fim de semana onde 10 mulheres riram muito. Comeram muitoo. Devo ter engordando o que eu queria perder. Rsrs. Trocamos experiências. Pude conhecer melhor e saber um pouco mais de cada uma delas.  E o melhor, volto renovada com tudo que vi e com tudo que ouvi. Devo retornar a Nazaré ainda esse ano, afinal a pesquisa continua.
Excelente semana a tod@s! Em breve retorno por aqui...